Quando eu morrer
Quando eu morrer, não quero que me chorem diante de uma mórbida caixa de cabelo e ossos, que nem se sabe se está ali, ou não.
Que tal se deixássemos o que não interessa num canto qualquer, e no lugar dos sepulcros colocássemos placas (de plástico para que resistam ao tempo – é o que dizem os ecologistas – com o benefício colateral de fornecermos prova "viva" a esta causa) ...
Que tal se deixássemos o que não interessa num canto qualquer, e no lugar dos sepulcros colocássemos placas (de plástico para que resistam ao tempo – é o que dizem os ecologistas – com o benefício colateral de fornecermos prova "viva" a esta causa) ...
Bem..., placas com qualquer
coisa escrita que "o morto" desejasse? Um pensamento, uma
filosofia de vida (própria ou emprestada de alguém), um conselho aos que
ficaram, ou aos que começam, ou aos que estão prestes a terminar? Uma
poesia, elogios, um canto de amor, um de louvor? Uma prece? Uma
reclamação, um protesto, uma foto (de uma festa?)? De preferência uma
mensagem, qualquer que seja..., diante da qual o morto desejasse que quem
quisesse reverenciar sua memória estivesse.
Seria muito mais leve, e ao mesmo tempo mais profundo, o reverenciar a memória dos que já partiram. Muito melhor do que diante da presunção da existência de uma caixa de ossos e cabelos.
Imagine como seria "passear" pelos cemitérios...! Eles se transformariam em local de alta concentração de vida, e de reabastecimento da alma...! Quantos ensinamentos...! Quanta experiência de vida...! O quanto a se confrontar com as questões de nossas próprias vidas...
Se a vida não pudesse ser melhor por isto, talvez o mundo fosse substancialmente melhor pelo simples fato de cada um de nós ter que parar, por um momento que seja, para pensar o que gostaria que fosse escrito na sua "placa-jazigo". (Você já pensou na sua? Talvez seja este o maior empecilho à idéia: superar a dificuldade de estar face a face consigo mesmo, e conceber algo que possa ser significativo de sua própria existência.)
E se ao invés de um árido varal de placas ao tempo (em todos os sentidos da expressão), simulacro do despejo imobiliário de nossos restos, colocássemos estas placas diante de árvores? E se estas árvores estivessem na cidade por toda a parte??? Cada um poderia plantar a sua própria árvore, ou melhor, no dia que cada um nascesse, que alguém o fizesse para que simbolizasse nossa própria vida e fosse o local destinado à nossa mensagem de vida e a reverência de nossa memória.
Imagine como seria passear pelas cidades!
Se a vida não pudesse ser melhor por isto, pelo menos as cidades seriam muito mais agradáveis: muito verde, muita sombra...
Imagino-me... podando a árvore do papai... pendurando um balanço na árvore da mamãe, para que eu pudesse me embalar e embalar meus filhos... ou refrescar-me em suas sombras, sentado num banquinho feito da madeira do bivô que não resistiu à tempestade passada... Seriam ritos muito fortes. Mesclas de ser e não ser muito eloqüentes do que as coisas são.
Bem, se fizéssemos as coisas assim, talvez eu não perdesse tempo requentando a filosofia de outros, e tivesse lido ontem numa árvore a caminho de algum lugar, que o importante da na vida é ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro.
Seria muito mais leve, e ao mesmo tempo mais profundo, o reverenciar a memória dos que já partiram. Muito melhor do que diante da presunção da existência de uma caixa de ossos e cabelos.
Imagine como seria "passear" pelos cemitérios...! Eles se transformariam em local de alta concentração de vida, e de reabastecimento da alma...! Quantos ensinamentos...! Quanta experiência de vida...! O quanto a se confrontar com as questões de nossas próprias vidas...
Se a vida não pudesse ser melhor por isto, talvez o mundo fosse substancialmente melhor pelo simples fato de cada um de nós ter que parar, por um momento que seja, para pensar o que gostaria que fosse escrito na sua "placa-jazigo". (Você já pensou na sua? Talvez seja este o maior empecilho à idéia: superar a dificuldade de estar face a face consigo mesmo, e conceber algo que possa ser significativo de sua própria existência.)
E se ao invés de um árido varal de placas ao tempo (em todos os sentidos da expressão), simulacro do despejo imobiliário de nossos restos, colocássemos estas placas diante de árvores? E se estas árvores estivessem na cidade por toda a parte??? Cada um poderia plantar a sua própria árvore, ou melhor, no dia que cada um nascesse, que alguém o fizesse para que simbolizasse nossa própria vida e fosse o local destinado à nossa mensagem de vida e a reverência de nossa memória.
Imagine como seria passear pelas cidades!
Se a vida não pudesse ser melhor por isto, pelo menos as cidades seriam muito mais agradáveis: muito verde, muita sombra...
Imagino-me... podando a árvore do papai... pendurando um balanço na árvore da mamãe, para que eu pudesse me embalar e embalar meus filhos... ou refrescar-me em suas sombras, sentado num banquinho feito da madeira do bivô que não resistiu à tempestade passada... Seriam ritos muito fortes. Mesclas de ser e não ser muito eloqüentes do que as coisas são.
Bem, se fizéssemos as coisas assim, talvez eu não perdesse tempo requentando a filosofia de outros, e tivesse lido ontem numa árvore a caminho de algum lugar, que o importante da na vida é ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro.
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