quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Direito ao afeto

Se não está, deveria estar na declaração dos direitos universais do ser humano:

Ninguém tem o direito de colocar obstáculos a manifestações de amor/carinho entre pessoas, principalmente entre as que são unidas por laços familiares.

O direito a manter estes laços familiares, precede a qualquer outro direito.

Gostaria que esta mensagem pudesse chegar:

  • Ao irmão que acha que é só ele quem deve decidir sobre a vida dos pais senis, em detrimento dos outros irmãos.
  •  Ao cunhado que põe obstáculos a que sua esposa se relacione com algum dos irmãos dela, que ele não gosta.
  • Ao marido que não se dispõe a acolher em sua casa, a sogra enferma.
  • À mãe que não colabora em promover o contato dos filhos com seu ex-marido.
  • À esposa que torce o nariz para a presença dos filhos de outro casamento de seu marido.

E por ai vai...

Pense em não ceder este direito supremo seu, caso alguém procure lhe impedir de exercer.

Se, no caso, tratar-se de seu marido ou sua esposa, pense em colocar outro(a) em seu lugar, porque pai, mãe, filho, avô, avó, irmão, irmã, etc. não dá pra trocar!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A paz e os óculos

A paz é como os óculos:
precisamos deles para encontrá-los.


... neste paradoxo
é que reside a grande dificuldade
dos que passam por
momentos fortes de ruptura.

A estes, recebam
meus sentimentos
de solidariedade,
deixando a mensagem:
 "vai passar",
"vai passar",
"alguma hora, vai passar".

Acredite!

Isto te dará um pouco
da paz que você
precisa para
encontrar
o restante
da paz.


O pior cego é aquele que acha que vê

Quando estamos mais distantes da possibilidade de aprender?

Eu diria que é "quando acreditamos que já sabemos" (ou quando preferimos acreditar nisto), pois não passa por nossas cabeças nos dedicarmos a aprender algo que já "sabemos"!

Só aprende, quem sabe que não sabe. Quem submete à critica, o que crê saber. Quem suporta conviver com o sentimento da falta de respostas.

Para "os grandes", creio que este conceito faz parte de seus modos de pensar.

Sócrates, aponta nesta direção com o seu: "só sei que nada sei".

Lembro, também, de um livro pequeno e embolorado, capa vermelha, de meu avô paterno, que caiu em minhas mãos: "Minha Philosophia da Industria", de Henry Ford.

Neste livro, entre outras coisas, Ford, falava que quando um de seus gerentes lhe apresentava algum aperfeiçoamento do qual o tal gerente se orgulhava, quanto mais ele se orgulhava, mais Ford se punha preocupado.

Ford temia que o apreço do gerente às suas próprias (e maravilhosas) ideias pudesse fazê-lo "cegar", e o tornasse reativo a críticas e às possibilidades de aperfeiçoamento.

Muitas vezes, preferimos a paz e o conforto das certezas, porque, do contrário, perdemos o chão. Nos sentimos vulneráveis e com uma sensação de perigo. Ou, simplesmente, porque não queremos nos complicar a vida, sendo mais fácil colocar a pedra da conclusão em cima do buraco da incerteza.

Ressalvo, que não falo somente do saber, digamos, "científico", mas qualquer saber. Aplico estas considerações a, por exemplo, ao julgamento que fazemos dos outros. A ressalva desta ressalva é que usei o termo "científico" na sua acepção mais comum, o das ciências exatas, mas, qualquer saber para ser um saber deve ser científico. Mas não quero me alongar neste aspecto...

O que torna as coisas ainda piores para nós, seres temerosos de enigmas, talvez por nos fazerem recordar o maior deles, que é o enigma da morte, é que quanto mais inflamos o balão do saber, mais aumentamos nossa superfície de contato com a ignorância.

O que eu queria apontar, é que para crescermos, temos que conseguir lidar com as frustrações do vazio da falta de respostas.

Imagino que quem ascende a altos postos em uma empresa, tem que ser de um tipo de personalidade que saiba lidar com isto. Quanto mais alto o cargo, menos respostas para tudo a pessoa tem, ao mesmo tempo, tem que saber conviver com a frustração de não conseguir resolver todos os problemas que se lhe apresentam.

Poderia falar mais, mas acho que já falei o suficiente sobre a essência destes pensamentos. Termino propondo reformar o dito para:
"O pior cego é aquele que acha que vê"
(sem, com isto, querer aliviar a barra daquele que é cego por não querer ver).


Assim que acabei de publicar este texto, encontrei no facebook a seguinte citação, lá publicada por Adriano Lima:

"Os Irmãos Karamazov”de Dotoiévsksi, trecho de o “Grande Inquisidor”.

Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde onde as certezas moram."
Obrigado, Adriano.
 

domingo, 27 de outubro de 2013

sábado, 26 de outubro de 2013

Vou contar o que se passou

Vou contar o que "se passou"...

Curti muito ter sido exposto ao espanhol por ter vivido uns dois anos
e algo na Venezuela.

Um amigo das bandas de lá, que veio morar aqui, diz que: "quanto mais
aprendo o português, mais aprendo o espanhol". Confirmo que o
vice-versa se aplica.

Muitas palavras usadas no espanhol cotidiano, são também palavras do
português, mas esquecidas e não usadas. Frequentemente, fazem parte do
português, digamos, erudito.

Mas a irmandade das duas línguas caprichosamente também se revela,
escondida em palavras de uso comum, e que juramos de pés junto que não
têm o mesmo sentido que o do espanhol. Vamos a alguns exemplos.

"Taça", a de tomar vinho, é "copa", em espanhol, e "tasa", em
espanhol, é "xícara".

"Copa", em português, é uma das dependências de uma casa, onde
trabalhava a copeira. Que, pelo que soa o nome, parece (estranhamente)
que era a responsável  por cuidar dos copos da casa.

Pois bem... Só que, em ambas as línguas, "taça" ou "tasa", são o mesmo
que "copa", quando falamos de campeonatos: "taça libertadores da
América" e "copa do mundo".

Nestes casos, "mundo" não é uma casa, e quem ganha a libertadores não
leva uma xícara!

"Pegar" em espanhol, tanto pode significar "bater", quanto pode ser "colar".

Eu dizia que, em português, não se usa esta palavra com nenhum destes
sentidos. Mas, não tem "uma casa pegada na outra"? Já não ouvimos
"ainda pego este menino levado"? Eu só ouvi isto quando alguém tem
vontade de dar umas palmadas no garoto, e quando as casas eram coladas umas nas outras.

Quando fui fazer exames de sangue lá, foi que eu ouvi a palavra
"ayuno", porque eu tinha que ir em "jejum". Foi ai que entendi o
"desayuno", onde o prefixo "des", entra para deixar claro que no café
da manhã saímos da condição de jejum. Quando entendi isto, passei a
achar "desayuno" uma palavra estranha...

Mas depois me dei conta que "quem inventou a língua da maneira que
falamos hoje", também não gostou, e trocou o nosso desjejum, pelo cafe
da manhã!

Os ingleses seguem o pensamento espanhol, com os seus "breakfast", porque "fast" é jejum, e "break" é quebrar. Que coisa, não...?!

Outra coisa estranha é que "blanco" também signifique: meta, alvo, em
espanhol. Além de ser o nome da cor. Tanto, que o esporte é o "tiro al
blanco".

Quando ouvi "tiro al blanco" foi que me caiu a ficha... Também falamos
"tiro ao branco" em português.  Só, que mudamos "branco" por "alvo",
que é uma outra palavra que temos para esta cor. E, não é...? Eu, sendo
botafoguense, sou alvi-negro! Tem também o "alvejante", que deixa as
roupas alvas, ou, brancas.

Desvendado este mistério, ficou um gato na tuba: eu sempre achei que a
bolota do alvo era preta. Será que é porque eu nunca pratiquei o
esporte?

Vai mais?

Tem o "estou a ponto de bala". E que diabo de "bala" é esta? A de algum
revólver pronto para atirar?

Isto, dito em espanhol seria: "estoy a punto de caramelo", e adivinhem...
"Caramelo" em espanhol significa "bala" (a de chupar), em português.

O "ponto de bala" é uma expressão da culinária. Refere-se a um estado
em que fica o açúcar, quando aquecido. Imagino que seja num ponto que,
com ele se, possa fazer balas (de caramelo, por supuesto).

Tem "la leche cortada", que é o nosso "leite talhado". Talhar = cortar.

E pra fechar, eu ia dizer que eles dizem "qué pasó?" para perguntar "o
que aconteceu?", e ia dizer também que "passar", nunca, em português,
significa "acontecer", mas como eu já contei o que se passou na
Venezuela, não preciso falar mais nada.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Somos todos iguais e somos todos diferentes

Todos somos iguais e somos todos diferentes. Todos temos dois olhos, um nariz e uma boca, mas não existem dois rostos iguais.

Assim somos por dentro: essencialmente iguais, mas peculiarmente diferentes. Em outras palavras, somos manifestações diferentes de uma mesma essência.

O que nos faz bonitos por dentro, é algo parecido ao que fazemos para

ficarmos bonitos por fora: a busca por transcender ao que nos foi legado.

O corpo com o qual nascemos é um legado que nos coube. Os cuidados que tomamos com ele, poderão nos tornar mais bonitos, ou não.

Por dentro, também recebemos um legado: um legado genético, um legado de formação, etc. o que nos dá a "nossa cara", por dentro.

Não acho justo sermos cobrados a que transcendamos ao legado. Afinal, temos boas razões para sermos como somos.

Acho justo que sejamos cobrados por havermos tentado, e não somente nos justificados com base no legado.

Me encanta ver pessoas como Marina Silva, a da política, que vivia do meio do mato e que aos 16 anos ainda era analfabeta.

Somente as "boas razões para sermos o que somos" não nos justifica, se não houvermos tentado ser diferente.

Quando passamos a mão na cabeça dos que não buscam, criamos um ambiente artificial que só os prejudica, pois é arcando com as consequências de nossos atos, que temos a oportunidade de crescer.

Quando cobramos dos que não conseguem, estamos sendo cruéis, afinal, o que podemos exigir do outro, senão o melhor que o outro tem a dar?


Na vida, só existe uma paz que dependa exclusivamente de nós: a paz de termos feito o nosso melhor.

Talvez a única a se almejar...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Tolerância

Ouvi de Max Gehringer na rádio CBN:

"Ser compreensivo com os outros é uma questão de reciprocidade. Às vezes, 'os outros', somos nós".

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Muito bom poder escutar eu mesmo, o que tenho escrito aqui.

Nunca somente falamos para o outro. Falamos também para nós mesmos.

Nunca somente escutamos o outro. O que o outro fala, diz de nós
mesmos.


Especialmente, quando se tratam de coisas importantes da vida.
 
E assim, por "falar" aqui, aconteceu de eu mesmo revigorar crenças e
condutas, que eu mesmo deixava, inconscientemente, de lado.



Gesto de grandeza

Para pedir o gesto de grandeza do perdão, ofereça outro: peça desculpas.

Não fique esperando o tempo passar, na expectativa de que a mágoa se desvaneça.

Sem título

Sem querer disseminar rancores e amargores (não quero entrar nesta onda): Eu descobri que muito frequentemente as pessoas não gostam de ser tratadas como elas me tratam.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quando eu morrer

Quando eu morrer
 
Quando eu morrer, não quero que me chorem diante de uma mórbida caixa de cabelo e ossos, que nem se sabe se está ali, ou não.

Que tal se deixássemos o que não interessa num canto qualquer, e no lugar dos sepulcros colocássemos placas (de plástico para que resistam ao tempo – é o que dizem os ecologistas – com o benefício colateral de fornecermos prova "viva" a esta causa) ...

Bem..., placas com qualquer coisa escrita que "o morto" desejasse? Um pensamento, uma filosofia de vida (própria ou emprestada de alguém), um conselho aos que ficaram, ou aos que começam, ou aos que estão prestes a terminar? Uma poesia, elogios, um canto de amor, um de louvor? Uma prece? Uma reclamação, um protesto, uma foto (de uma festa?)? De preferência uma mensagem, qualquer que seja..., diante da qual o morto desejasse que quem quisesse reverenciar sua memória estivesse.


Seria muito mais leve, e ao mesmo tempo mais profundo, o reverenciar a memória dos que já partiram. Muito melhor do que diante da presunção da existência de uma caixa de ossos e cabelos.

Imagine como seria "passear" pelos cemitérios...! Eles se transformariam em local de alta concentração de vida, e de reabastecimento da alma...! Quantos ensinamentos...! Quanta experiência de vida...! O quanto a se confrontar com as questões de nossas próprias vidas...

Se a vida não pudesse ser melhor por isto, talvez o mundo fosse substancialmente melhor pelo simples fato de cada um de nós ter que parar, por um momento que seja, para pensar o que gostaria que fosse escrito na sua "placa-jazigo". (Você já pensou na sua? Talvez seja este o maior empecilho à idéia: superar a dificuldade de estar face a face consigo mesmo, e conceber algo que possa ser significativo de sua própria existência.)

E se ao invés de um árido varal de placas ao tempo (em todos os sentidos da expressão), simulacro do despejo imobiliário de nossos restos, colocássemos estas placas diante de árvores? E se estas árvores estivessem na cidade por toda a parte??? Cada um poderia plantar a sua própria árvore, ou melhor, no dia que cada um nascesse, que alguém o fizesse para que simbolizasse nossa própria vida e fosse o local destinado à nossa mensagem de vida e a reverência de nossa memória.

Imagine como seria passear pelas cidades!

Se a vida não pudesse ser melhor por isto, pelo menos as cidades seriam muito mais agradáveis: muito verde, muita sombra...

Imagino-me... podando a árvore do papai... pendurando um balanço na árvore da mamãe, para que eu pudesse me embalar e embalar meus filhos... ou refrescar-me em suas sombras, sentado num banquinho feito da madeira do bivô que não resistiu à tempestade passada... Seriam ritos muito fortes. Mesclas de ser e não ser muito eloqüentes do que as coisas são.

Bem, se fizéssemos as coisas assim, talvez eu não perdesse tempo requentando a filosofia de outros, e tivesse lido ontem numa árvore a caminho de algum lugar, que o importante da na vida é ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro.
Aêêêêêê.....!!!

Faço constar nos anais da casa o post do primeiro comentário a este blog.

Obrigado Roxinho Pensador!

Você poderia fazer pipi por mim?

Aproveitando que você vai ao banheiro, você poderia fazer pipi por mim?

(Antes de ler este, leia o post que publiquei antes deste)

Estou achando que preciso falar mais do termo "sozinhez" que menciono no post anterior (que se fosse em inglês, talvez eu dissesse "onlyness").

O termo não tem nada a ver com tristeza (ou não). Nada tem a ver com solidão (ou não).

No popular...: sozinhez tem mais a ver com "fazer o número 1" ou "fazer o número 2". Ou seja, tem a ver com as coisas que só você pode fazer por você e que você não pode fazer pelos outros.

Às vezes, ficamos esperando que o outro faça por nós, ou, queremos fazer algo pelo outro, e não nos damos conta que estamos fazendo o equivalente a pedir: "você poderia ir ao banheiro por mim?".

Claro, que nunca deixando de lado a solidariedade de ajudar ao outro a achar um banheiro quando o outro esta "apertado" e sem deixar de ir ao banheiro por que o outro não está com vontade de fazer pipi....


Cada um vive a sua vida

Quem vive a sua vida é somente você, e você vive somente a sua vida.

Devemos reconhecer a "sozinhez"* e a responsabilidade que a primeira parte desta afirmação traz e saber apaziguar o sentimento de impotência pelo reconhecimento da segunda.

* Tive que criar esta palavra porque a mais próxima que eu encontrei foi "solidão", que não expressa o que queria dizer.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pitagoras


Pitágoras

 Fiquei maravilhado com a simplicidade genial de como se prova o teorema de Pitágoras, coisa que demorei meio século a vir a conhecer.
Bem... ai vai a demonstração:

Construo dois quadrados de lado a+b, só que segmento os lados de cada um deles de maneira distinta:


Vemos que os segmentos "a" e "b", assim ligados, formam um triângulo retângulo.
 
Vemos também que no quadrado da direita, o pontilhado interno forma um quadrado de lado "c".

 Agora veja as áreas hachuradas na figura abaixo.


Como a área dos dois quadrados originais era a mesma e eu retirei 4 triângulos iguais dos dois quadrados, então, a área do que sobrou deles é igual:

a*a + b*b = c*c


Pitágoras, você merece que a sua fama perdure por milênios!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quando cuido...


Quando cuido da minha família, eu estou cuidando de mim.
Quando cuido do meu casamento, eu estou cuidando de mim.
Quando cuido dos meus amigos,  eu estou cuidando de mim.

Quando cuido do meu trabalho,  eu estou cuidando de mim.
Quando cuido da natureza,      eu estou cuidando de mim.
Quando cuido do próximo,       eu estou cuidando de mim.


Quando não cuido, perco o que poderia haver ganhado, e, muitas vezes, nem conta disto me dou.

Quando cuido de mim, cuido de tudo isto que está ao meu redor.


 

Não vemos o que não concebemos

Não vemos o que não concebemos.

O universo tem a forma e o tamanho da nossa capacidade de percebê-lo.



 
Precisamos ser capazes "imaginar" o que estamos vendo para poder enxergar.
Mas como imaginamos o que ainda não enxergamos?
É estranho... mas eu acho que é assim...